sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Nota breve: "prefeiturável"


A Folha de São Paulo veio com o neologismo "prefeiturável". Julgando a capacidade lingüística de seu redator, podemos inferir que seu jornalismo não anda muito bem.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/videocasts/ult10038u428460.shtml


Nada melhor do que neologismos para explicitar que a relação entre o falante e o sistema lingüístico não é de passividade. E, quando bem feito, torna a leitura rica e prazerosa. Porém, feito às pressas, em veículos de circulação em massa, sem transparecer um mínimo de intimidade com a língua, é chato, ruidoso e desnecessário

No vernáculo, temos formas como "prefeito" e "prefeitoral". O Houaiss, aqui do meu lado, atesta "prefeitável", que ele data de 1992.

No termo "presidenciável", derivado da forma abstrata *presidenciar, há uma coerência morfológica e semântica entre o termo de origem e o que o derivado pretende designar. Afinal de contas presidente/*presidenciar/presidenciável são formas afins.

Porém, o que a FSP está sugerindo é um termo derivado de "prefeitura", o que pressupõe a forma *prefeiturar, que, caso existisse, seria "que pode tornar-se prefeitura" e não "que pode tornar-se prefeito".

Por isso, é preferível a derivação da forma "prefeito" > "prefeitável", já atestada.

Preferível também é ler melhores jornais.

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