segunda-feira, 20 de outubro de 2008

“é casado? tem filhos?” (de novo)

“é casado? tem filhos?”
é pergunta que só pode soar com o sentido que lhe atribuíram caso o prefeito seja de fato homossexual ou haja um mundo preexistente de boatos sobre essa possibilidade.

Quando ouvi a frase achei que se tratava apenas de um modo de figurar a “irrealidade” da presença de Kassab que, de fato, esconde seu passado político, mostrando-se como novidade mesmo sendo figurinha carimbada na administração paulistana.

Nunca tinha ouvido os boatos sobre sua suposta homossexualidade, nem sobre a possível prática de nepotismo de que lhe acusam, servindo-se do direito à privacidade para não assumir que “ajuda” seus afetos na vida pública.

Em síntese: sem saber que havia essa aura em torno dele, me pareceu exagerado ver um preconceito contra a opção sexual na pergunta. Caso ele fosse heterossexual, casado e com filhos, a pergunta poderia ser colocada da mesma forma, só que com o sentido afirmado pelos responsáveis pela campanha: “ninguém sabe quem é essa pessoa!”

Mas agora que vi que certo escalão da imprensa o trata como merecedor de uma privacidade por ter opção sexual diversa da moral vigente e que determinada vertente da oposição o acusa de dar uma secretaria a seu companheiro, não sei o que pensar da campanha da Marta.

Por uma lado, foi desesperadamente infeliz. Mas por outro, foi honestamente espontânea, como a candidata, que fala o que pensa, sem medo da rejeição.

Se Kassab tem direito à privacidade, Marta também tem. Como ela tem sido invadida, desrespeitada e caluniada, quis arrancar à força a privacidade de seu opositor. Ela não contava com a astúcia dos meios de comunicação, que protegeram o mocinho e a transformaram - pela enésima vez - em bandida.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Comentários de Luis Favre a respeito da indignação seletiva da FSP, que não se incomoda com ataques pessoais a petistas

Como reagiu a mídia e Clovis Rossi em 2004?

Como a mídia reagiu a esta acusação caluniosa, ofensiva, escrota?

O que Clovis Rossi comentou? e Eliane Cantânhede?

O documento oficial dos tucanos (ver artigo da Folha a seguir) não fazia nenhuma pergunta, não insinuava nada. Afirmava em alto e bom som calúnia, grosseria, invasão de vida privada. Qual foi a reação da Folha, fora registrar o fato? Algum tucano tinha jogado sua biografia na sarjeta, por isto?

O Goldman diz em algum lugar que “errou”? O candidato Serra mentiu quando diz que não sabia?

Fariseus e hipócritas de plantão pensam que contra o PT todo pode e fica por isso mesmo?

Acabou essa história dos militantes do PT ajoelhar no milho, enquanto somos insultados, caluniados, atacados na nossa vida privada e procuram atingir nossa honra.

Chega desses tartufos da direita que quando a esquerda é caluniada, olham para outro lado e permanentemente invocam a ética para encobrir as falcatruas dos seus protegidos.

Luis Favre


A seguir artigo da Folha de São Paulo 31 de julho de 2004

ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Na internet, partido diz que prefeita tem “dois maridos’; PT reage e distribui cópias do documento a jornalistas em evento oficial

PSDB volta a atacar vida pessoal de Marta

CHICO DE GOIS
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB voltou a atacar a vida pessoal da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), vinte dias depois que deputados do partido fizeram insinuações contra ela e seu marido, Luis Favre.
Anteontem, o site do Diretório Nacional do PSDB divulgou uma nota intitulada “Dona Marta e seus “dois maridos’”, na qual fazia referência à participação do senador e ex-marido de Marta, Eduardo Suplicy, na campanha da prefeita à reeleição.
Ontem, os tucanos tiraram o texto do ar. O PT informou que irá entrar na Justiça com uma ação contra o PSDB. A prefeita afirmou que ainda não sabia se ela, pessoalmente, faria o mesmo. E o senador Eduardo Suplicy classificou de “bobagem” as afirmações feitas pelo PSDB. “Sou senador por São Paulo e a prefeita me convidou para visitar uma obra.”
Ontem à noite, o senador acompanhou a prefeita no lançamento de um comitê de campanha de Marta na Penha, zona leste.
Como divulgado anteontem pela Folha na coluna “Toda Mídia”, do jornalista Nelson de Sá, a nota dizia que “a participação do senador na campanha da ex-mulher é uma das estratégias da direção petista para enfrentar o desgaste sofrido por ela por conta da separação dos dois”.
O texto concluía que “dona Marta tem “dois maridos”. Cá entre nós: que papelzinho ridículo o senador Suplicy se prestou ao sair em “campanha” para mitigar a imagem que a sra. Marta construiu para si mesma”.
Cópias da página do PSDB foram distribuídas para os jornalistas na manhã de ontem por assessores da campanha de Marta durante evento para sancionar lei de criação dos conselhos de representantes de subprefeituras.
A assessoria de imprensa do Diretório Nacional do PSDB informou que “a orientação do partido é para não entrar nesse tipo de debate”. A assessoria admitiu que “foi um erro” a edição da nota e informou que, ao perceber o erro, retirou o texto do ar.
Ontem o candidato a prefeito do PSDB, José Serra, afirmou desconhecer a nota, mas disse não apoiar esse tipo de ataque.
De acordo com o coordenador-geral da campanha petista, deputado estadual Ítalo Cardoso, o departamento jurídico do PT entraria com uma ação na Justiça, mas ainda não estava definido se seria apenas civil ou também criminal.
O candidato a vice de Marta, Rui Falcão, disse, no lançamento de um comitê em Aricanduva, zona leste, que “pela segunda vez, adversários que se dizem detentores da ética e do trabalho agridem o PT e a prefeita”. Falcão disse que “não vamos aceitar provocações, mas também não vamos aceitar nenhum tipo de intimidação”.
Ele se referia às afirmações do deputado federal Alberto Goldman e do deputado estadual Celino Cardoso em um comício no dia 11 de julho. Na ocasião, Goldman disse: “Quero saber cadê o dinheiro. De um deles, a gente sabe onde está: na Suíça. E o da Marta? Vamos perguntar para ela ou para o marido dela onde está o dinheiro de São Paulo”.

- Justiça derruba quebra de sigilo do vice de Serra -

sábado, 4 de dezembro de 2004

Folha de S. Paulo

Justiça derruba quebra de sigilo do vice de Serra

AGENDA DA TRANSIÇÃO

"Parcos elementos não justificam devassa", diz TJ

DA REPORTAGEM LOCAL

Duas decisões judiciais anularam ontem a autorização para a quebra de sigilo bancário do vice-prefeito eleito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), que é investigado pelo Ministério Público por eventual enriquecimento ilícito.

A autorização para abertura das contas do vice do prefeito eleito, José Serra (PSDB), e de seu sócio, o deputado estadual Rodrigo Garcia (PFL), havia sido concedida na quarta-feira, em decisão liminar da juíza Maria Gabrilla Sacchi, da 11ª Vara da Fazenda Pública.

Na tarde de ontem, o desembargador Correa Vianna, da 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, derrubou a liminar.

O STF (Supremo Tribunal Federal), no início da noite, também anulou a quebra. Relator do caso, o ministro Celso de Mello avaliou que a decisão da juíza para a abertura das contas do vice de Serra não vale, já que Kassab é deputado federal e, por isso, tem foro privilegiado. A quebra, portanto, só poderia ser autorizada pelo STF.

Na sua decisão, o desembargador Correa Vianna, do TJ, afirma que "não se justifica verdadeira devassa na vida bancária dos requeridos [Kassab e Garcia] (...) com os parcos elementos fornecidos pelos autores [promotores]".

Reportagem publicada pela Folha no dia 7 de julho revelou que o vice-prefeito eleito teve seu patrimônio aumentado em 316% (descontada a inflação) entre 1994 e 1998, período em que se elegeu deputado estadual e trabalhou, por um ano e três meses, como secretário do Planejamento da administração do prefeito Celso Pitta (1997-2000). Garcia foi seu chefe-de-gabinete.

Kassab e Garcia recorreram ao TJ alegando que já tinham explicado suas evoluções patrimoniais ao abrirem seus dados fiscais aos promotores que apuram o caso.

Justificativas

Na decisão, o desembargador justificou por que considerou "parcos" os argumentos dos promotores. "Notícias vagas publicadas na imprensa, depoimentos de ex-esposas ou propaganda política de baixo nível não justificam a quebra de sigilo bancário, mesmo porque, até agora, nenhum fato concreto foi apontado pelos requerentes", argumenta Vianna.

Ele se referiu, indiretamente, à reportagem da Folha, ao depoimento dado aos promotores pela ex-mulher de Pitta, Nicéa Camargo, e à campanha do PT nas eleições municipais, que teve como um de seus alvos o vice de Serra.

Os promotores responsáveis pelo inquérito civil que investiga a evolução patrimonial de Kassab e Garcia não comentaram as decisões de ontem, pois não tomaram conhecimento de seu conteúdo. Todas elas são liminares, portanto têm caráter provisório e aguardam avaliação de seu mérito .

No entendimento dos advogados do vice de Serra, por causa da decisão do Supremo, ele não está mais sujeito à decisão do mérito da ação dos promotores, ao contrário de Garcia e das quatro empresas nas quais eles são sócios. Essas empresas estão incluídas no pedido de quebra de sigilo bancário feito pelos promotores.