segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Um artigo de Altamiro Borges

Segue um excelente artigo de Altamiro Borges, publicado no ADITAL. Como sempre, ele é preciso em suas colocações. Nada a acrescentar, a não ser o óbvio: temos uma mídia capaz de qualquer coisa, menos de fazer jornalismo.

Mídia esconde o bloqueio a Cuba


Excitada com a decisão de Fidel Castro de deixar a presidência do Conselho de Estado de Cuba, a mídia hegemônica tem adotado uma pauta esquizofrênica. Num ritual macabro, ela promove o "obituário precoce" do líder revolucionário, como que torcendo por sua morte; ao mesmo tempo, ela faz especulações sobre a chamada "transição" na ilha, apostando na introdução da "economia de mercado" e da democracia burguesa. Do ponto de vista jornalístico, pouco se aproveita. São mais opiniões ideologizadas do que informações. Tanto que a mídia procura esconder os efeitos nefastos do criminoso bloqueio econômico a Cuba, que completa 46 anos neste mês de fevereiro.

... continua: http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=31748

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Cópias empobrecidas: a minha escrita e o jornalismo

O mundo jornalístico da grande mídia é a expressão de certos cidadãos, que vivem sob condições mentais muito especiais, cujos valores são muito menores do que o prestígio que possuem deixa presumir. Preservam uma espécie de absolutismo político, que teve como soberano absoluto o “príncipe da sociologia”.
O sentido desse absolutismo é menos a perfeição para concentrar as forças da nação, e mais a de criar monarcas enaltecidos, rodeados de uma pequena corte, da qual faz parte este séqüito midiático. A corte é apenas um subproduto desse processo, e conflui em direção ao rei porque está destituída de capacidade natural, que é informar. De sua existência junto ao rei, surgiu-lhe a função de destruir as tendências centrífugas, que poderiam organizar uniformemente a política, a administração e a economia. Esta pequena minoria de cidadãos, que não deixa de matizar o gosto de seu tempo, não possui uma autoconsciência de seu âmbito pérfido de atuação. É gente culta – quer dizer, nem erudita, como os especialistas, nem cru e ignorante como o povo – e bem educada, munida daqueles conhecimentos que pertencem a um caráter de gosto burguês, de uma imagem social ideal. E é a partir desse gosto de público elitizado, dessa sociedade culta dos círculos imediata e mediatamente próximos da corte, que se pode explicar o trágico abismo criado entre a ambição pessoal e a precariedade social.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Reflexões sobre a linguagem

É fascinante como a linguagem, ao mesmo tempo em que é o veículo para dizer o que se quer dizer, é também o reflexo de quem está dizendo e da maneira como ele se relaciona com seus interlocutores. A reflexão sobre a linguagem mostra que nem sempre os discursos são tão bem intencionados quanto gostariam de parecer.

Na capa de uma revista semanal, conhecida por sua adesão ao sensacionalismo e à cobertura parcial e partidária da política nacional, lê-se: "o mundo encantado deles"

O pronome "deles", contração de "de" + "eles", demonstra algo curioso a respeito da estrutura social brasileira.
Se perguntar ao editor quem são "eles", possivelmente dirá que é o governo da situação. É isso o que ele quis dizer quando disse "deles".
Agora, se perguntar ao editor a quem se opõe o "eles", caso responda, dirá possivelmente a "nós".
Ora, quando se diz "eles", está-se criando uma oposição entre dois grupos: são eles do lado de lá e "nós" do lado de cá.
Sendo assim, a revista, com o implícito de sua capa, mostra-se do modo mais autoritário possível diante da sociedade brasileira, partindo do pressuposto de que ela tem alguma representatividade social. Ela se considera no direito de falar em nome de "nós".
A revista não veicula, em sua farsa editorial, a "nossa" voz, o "nosso" compromisso, etc. etc.
Em meio à heterogeneidade que é a sociedade brasileira, a revista se pretende como um porta-voz auto-instituído de todo o interesse que é diferente do interesse do "eles".
A capa da revista, na baixeza de sua linguagem autoritária, cria um efeito de unidade em que o seu assinante identifica-se imediatamente com o "nós" instituído por sua linha editorial.
O leitor então, em meio a tanta diversidade cultural, regional e social que há no Brasil, passa a validar que a revista tem o poder de se instituir como a voz única do "nós, os brasileiros governados por eles".
Trata-se de uma sutileza de linguagem que demonstra, como sempre, o caráter autoritário e farsante de uma revista que representa uma parcela da classe média brasileira que se entende como a única capaz de pensar e decidir sobre o rumo nacional (lembre-se que são essas pessoas que não admitiem um presidente que foi escolha da maioria). Tal grupo, reflexo e espelho dessa revista, tem a pretensão de ser mais brasileiro do que todos os outros brasileiros e, por isso, acredita que pode utilizar o pronome "nós" em nome de todos.
E, com essa mesma ignorância e presunção, continuam assinando esses semanários que mascaram seus interesses particulares e partidários como se fossem interesses daqueles que chamam de NÓS, os brasileiros.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Imprensa é lado estúpido em qualquer canto

Uma de minhas leitoras-colaboradoras-admiradoras mandou um engrossa-caldo, do qual faço rápido comentário e repasso o endereço.

O filme Shine a Light, além de mostrar música e ícones do pop, expõe ao rídiculo a imprensa. A exemplo do que ocorre neste lado do Globo, o filme mostra que, do lado de lá, discurso de jornalista também é vazio e freqüentemente demonstra enorme incapacidade de se relacionar com a novidade.

IMPRENSA É O LADO ESTÚPIDO DOS MUSICAIS

http://www2.uol.com.br/mostra/31/p_jornal_553.shtml

Alarmismo e Febre Amarela

Já está fora de consenso, há muito tempo, na ciência médica, a idéia de que a vacinação em massa seja necessariamente um benefício. Sabe-se dos riscos desse procedimento, no âmbito individual, em que se reduz a capacidade de imunidade do organismo humano, além, é claro, da possibilidade de gerar mutações sobre os virus, possibilitando assim que esses serezinhos tornem-se mais poderosos do que já são.

Fora do propósito clínico, ou da saúde pública, verificou-se nos últimos meses um alarmismo, típico de ano de campanha eleitoral, com relação a um possível descontrole da febre amarela no país. Editores de jornais mais uma vez deram espaço a textos escritos por colunistas ignorantes de seus temas em prol de estabelecer uma imagem de caos e de gerar medo na população. O custo disso está nos cofres públicos, obrigados a cobrir a despesa do excesso de vacinas a serem tomadas desnecessariamente; nos cidadãos que, levados pelo medo à vacinação, expuseram sua saúde a riscos desnecessários; etc.

A respeito desse tema, endereço abaixo duas boas matérias.

Publicada pela Fapesp, em que até se comenta a respeito de um pessoa com suspeita de febre amarela vacinal (transmitida pela vacina):

http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=8361

Esse aqui, do médico Pedro Saraiva, comenta a respeito do interesse político no alarmismo, publica as estatísticas dos casos de febre amarela nos últimos anos e demonstra a mentira que há por trás da imagem de que "a febre amarela aumentou no Brasil":

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/alerta-amarelo-medico-levanta-hipotese-de-que-vacinacao-pode-produzir-super-virus/

Primeiro Post (ou 1, 2, 3, testando...)

Sou um daqueles que optaram por não ver o mundo sob a óptica que é vendida em bancas de jornais.

Olho à minha volta e o que vejo são milhões de pessoas fazendo coro ao que lhes enfiaram goela abaixo.

Será muito bem vindo o dia em que o jornalista puder responder pelas palavras que profere, tanto quanto qualquer outro profissional. Os colaboradores mais freqüentes dos grandes veículos de imprensa são formadores de opiniões baratas que ocupam cargos que deveriam ser ocupados por profissionais que se amontoam em blogs e sites independentes.

Não estou indignado !

Não creio que indignar-se seja um bom verbo na atualidade. Todos os que sempre se acomodaram diante das injustiças hoje falam de boca cheia: "estou indignado!"

Aí você pergunta: "com o quê?!"

E vem a resposta: "com a cpmf!!!"

- Então tá... pensei que fosse sério.

Estar indignado hoje reflete sua resignação, reflete seu estado de espírito letárgico.

Quando você diz que está indignado está dizendo que sua mente é sonolenta, preguiçosa e só é capaz de repetir o que mandam que ela repita. Afinal de contas, há quanto tempo você está indignado? Desde que viu o primeiro mendigo na rua? Desde que soube que o Brasil é a terra da desigualdade social?

Ou desde que o jornal mandou você indignar-se? Há uns 4 ou 5 anos atrás...

Há muitos estados de espírito a se explorar além da indignação oportunista.

Que caia o cânone para que a alma se eleve!

A internet deu início à Era do Jornalismo Apócrifo.

Antes de indignar-se procure saber quem lhe fala, por quê lhe fala, para que lhe fala.

Depois de saber das razões mais profundas, cancele sua assinatura e leia a imprensa alternativa.