segunda-feira, 20 de outubro de 2008

“é casado? tem filhos?” (de novo)

“é casado? tem filhos?”
é pergunta que só pode soar com o sentido que lhe atribuíram caso o prefeito seja de fato homossexual ou haja um mundo preexistente de boatos sobre essa possibilidade.

Quando ouvi a frase achei que se tratava apenas de um modo de figurar a “irrealidade” da presença de Kassab que, de fato, esconde seu passado político, mostrando-se como novidade mesmo sendo figurinha carimbada na administração paulistana.

Nunca tinha ouvido os boatos sobre sua suposta homossexualidade, nem sobre a possível prática de nepotismo de que lhe acusam, servindo-se do direito à privacidade para não assumir que “ajuda” seus afetos na vida pública.

Em síntese: sem saber que havia essa aura em torno dele, me pareceu exagerado ver um preconceito contra a opção sexual na pergunta. Caso ele fosse heterossexual, casado e com filhos, a pergunta poderia ser colocada da mesma forma, só que com o sentido afirmado pelos responsáveis pela campanha: “ninguém sabe quem é essa pessoa!”

Mas agora que vi que certo escalão da imprensa o trata como merecedor de uma privacidade por ter opção sexual diversa da moral vigente e que determinada vertente da oposição o acusa de dar uma secretaria a seu companheiro, não sei o que pensar da campanha da Marta.

Por uma lado, foi desesperadamente infeliz. Mas por outro, foi honestamente espontânea, como a candidata, que fala o que pensa, sem medo da rejeição.

Se Kassab tem direito à privacidade, Marta também tem. Como ela tem sido invadida, desrespeitada e caluniada, quis arrancar à força a privacidade de seu opositor. Ela não contava com a astúcia dos meios de comunicação, que protegeram o mocinho e a transformaram - pela enésima vez - em bandida.

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